sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Ouça meu grito.

Laís, 16 anos, presa no corpo de Luis, aguentou, tentou esperar, mas agora, grita pra sair.

Meu nome é Luis, não tenho problema em revelar meu nome, afinal, estou nesse corpo, não posso negar um nome que meu corpo acusa ser. tenho apenas 16 anos, porém, sinto-me esgotado, sufocado. Quero ser livre pra ser quem eu sou, quero ser Laís.

 Moro atualmente com minha mãe, meu padastro, meu tio e meu primo. Fico praticamento sozinho em casa, nos dias de semana, todos trabalham. me sinto só. tenho amigas, mas elas também tem os problemas delas e eu não julgo. não podemos diminuir a dor do outro, pois não sentimos. Tenho que lidar com meu corpo e com a minha aparência, é inevitável, não é tão fácil assim. sou uma mulher trans, me sinto uma mulher. Meu corpo e minha aparência são masculinas e quando me olho no espelho, dói muito. Mas antes eu conseguia relevar, pois sempre fui muito sonhadora, confiante de um futuro que eu finalmente seria eu, estava disposta á esperar pra quando eu atingisse a maioridade. Mas não aguento mais. hoje, aquela menina confiante do futuro, tem incertezas, hoje, aquela menina que aguentava se olhar no espelho, não aguenta mais, hoje, aquela menina que nunca pensou em se matar, pois acreditava que um dia, ela ia ser ela mesma, vê o suicídio como um alivio para as dores. e é isso que eu queria que a minha mãe entende-se, eu não estou mais me reconhecendo, o sufoco e desespero estão tomando conta de mim. sempre fui muito aberta com a minha mãe que é evangélica. eu decidi contar á ela nas férias do ano passado, eu tinha a falsa ilusão de que ela me entenderia e iria me ajudar e me apoiar. Era apenas ilusão de uma garota sonhadora. ela me fez um discurso bíblico e diz que vai orar pra Deus. Como se as orações no momento, pudesse ajudar. eu acredito em Deus, e sei que ele me apoia, e é por isso que eu oro, peço a ele que ele venha fazer um milagre, abrir os olhos da minha mãe. Enfim, nesses últimos dias, estou me sentindo esgotada, sem forças. quero logo ser eu mesma. e ontem (22/09). eu contei á ela, isso. já tinha contado na quinta (08/09) que eu estava sofrendo muito por conta disso, que é sufocante, quero logo ser eu mesma. e como sempre, ela disse que vai orar pra Deus. só queria que ela entendesse que, agora, o buraco é mais em baixo, o pensamento de suicídio ecoa devagar e silenciosamente na minha cabeça, morro de medo de aumentar esse pensamento. Mas parece uma solução para todo o meu sofrimento. Ouve o meu grito, mãe. ouve, pelo meu bem. Ela está grávida, de 4 meses, de uma menina. As pessoas falam "Que bom, agora você tem um casal. um menino e agora uma menina." NÃO! Eu também sou menina. quando ela fala isso, eu digo "Você tem duas meninas." ela fica calada, ás vezes faz cara feia. Não quero estressa-lá, ela tem uma criança na barriga, mas só quero fazer ela entender que eu NÃO AGUENTO MAIS. 
Um desabafo de Laís, geralmente, uma menina feliz. 

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